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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Coração de Papel




O COMBINADO ERA NÃO SE APAIXONAR...

Foram anos de ensaios, encontros de olhares, amizade disfarçada. Querer sem poder ter, tocar sem poder querer. O mais desafiador era que ela tinha certeza que nunca iria acontecer, então era algo que ela alimentava dentro de si mesma, cabia somente a ela, ninguém nunca ia saber e ela podia sonhar, desejar, querer, pensar, viver dentro dela algo que não viveria na realidade.

Algumas vezes ela dava bandeira mas logo disfarçava, e o tempo passou e ela nunca saberia o que ele sentia, mas estava bom, era melhor assim. E não tinha problema, porque não era real e nunca iria ser.

Até que um dia ele olhou diferente para ela, ele ousou, quis, desejou e buscou. Ela se rendeu ao primeiro toque, não tinha forças para reprimir a vontade por tanto tempo alimentada. Ok, vamos fazer isso, pensou, mas será apenas isso, nada de se envolver emocionalmente, de se apaixonar, de querer algo além do que está acontecendo.

Como se iludiu, como não iria se apaixonar, se antes, antes de saber como era o toque, como era o beijo, como combinavam, como o sorriso dele a encantava, ela já estava se apaixonando.

Ela viu de perto como seria, como seriam juntos e seus sonhos ficaram mais altos. E o telefone tocava e ela desejava que fosse ele, e ela saía na rua todos os dias, na esperança de encontra-lo. Olhava no espelho e se arrumava para ele, o desejava mais do que nunca, mas queria mais, muito mais.

E agora ela estava presa a um amor sufocante, seu coração, já há muito aposentado estava pulsando mais forte, pulsando muito forte e vivia apertado, e ela não agüentava mais. Seu primeiro pensamento do dia era ele e quando ela fechava os olhos queria sonhar com ele, viver em sonhos o que a realidade não deixava acontecer, o mais, o além.

Dentro dela estava confuso, como ela viveria sabendo que se tivesse sido, seria bom? A resposta é vivendo, pois ela prometeu que não iria se apaixonar.

... MAS SEU CORAÇÃO NÃO ERA DE PAPEL.